Pular para conteúdo

Pular para sumário

Quatro palavras que mudaram o mundo

Quatro palavras que mudaram o mundo

CAPÍTULO SETE

Quatro palavras que mudaram o mundo

1. Quão amplo foi o impacto de quatro palavras escritas há muito tempo numa parede?

QUATRO palavras simples, escritas numa parede rebocada. No entanto, essas quatro palavras deixaram um poderoso governante apavorado. Elas proclamaram a destronização de dois reis, a morte de um deles e o fim duma poderosa potência mundial. Essas palavras resultaram na humilhação duma reverenciada ordem religiosa. Mais importante ainda, enalteceram a adoração pura de Jeová e reafirmaram a soberania dele numa época em que a maioria das pessoas dava pouca atenção a essas coisas. Ora, essas palavras até mesmo lançaram luz sobre acontecimentos mundiais de hoje em dia! Como puderam quatro palavras fazer tudo isso? Vejamos.

2. (a) O que aconteceu em Babilônia depois da morte de Nabucodonosor? (b) Que governante assumiu então o poder?

2 Passaram-se décadas desde os acontecimentos descritos no capítulo 4 de Daniel. O reinado de 43 anos do orgulhoso Rei Nabucodonosor em Babilônia terminou com a sua morte em 582 AEC. Houve uma série de sucessores procedentes da sua família, mas a morte prematura ou o assassinato acabaram com o domínio de um após outro. Por fim, um homem chamado Nabonido assumiu o trono por meio duma revolta. Filho duma sumo sacerdotisa do deus-lua Sin, parece que Nabonido não tinha laços sanguíneos com a casa real de Babilônia. Algumas autoridades sugerem que ele se casou com uma filha de Nabucodonosor para legitimar seu próprio governo, fez do filho deles, Belsazar, seu corregente, e deixou Babilônia a cargo dele, às vezes por anos seguidos. Nesse caso, Belsazar teria sido neto de Nabucodonosor. Será que, à base das experiências do seu avô, ele aprendeu que Jeová é o Deus Supremo, capaz de humilhar a qualquer rei? Parece que não! — Daniel 4:37.

UMA FESTA FORA DE CONTROLE

3. Como era a festa de Belsazar?

3 O 5.º capítulo de Daniel se inicia com um banquete. “No que se refere a Belsazar, o rei, deu ele um grande banquete a mil dos seus grandes e bebia vinho na frente dos mil.” (Daniel 5:1) Como pode imaginar, deve ter sido necessário um enorme salão para acomodar todos esses homens, além das esposas secundárias e das concubinas do rei. Certo erudito menciona: “Os banquetes babilônicos eram magníficos, embora usualmente acabassem em embriaguez. Havia vinho importado e fartura de iguarias de todo tipo na mesa. O salão estava perfumado; vocalistas e instrumentistas entretinham os convidados reunidos.” Presidindo onde todos podiam vê-lo, Belsazar bebia vinho — bebendo continuamente.

4. (a) Por que pode parecer estranho que os babilônios fizessem festa na noite de 5/6 de outubro de 539 AEC? (b) O que provavelmente fez os babilônios terem confiança apesar dos exércitos invasores?

4 Parece estranho que os babilônios tivessem tal disposição festiva nessa noite — 5/6 de outubro de 539 AEC. Sua nação estava em guerra, e as coisas não iam bem para eles. Nabonido pouco antes sofrera uma derrota às mãos das forças invasoras dos medo-persas e se refugiara em Borsipa, ao sudoeste de Babilônia. E agora os exércitos de Ciro estavam acampados bem do lado de fora de Babilônia. No entanto, Belsazar e seus grandes aparentemente não estavam preocupados. Afinal, sua cidade era a inexpugnável Babilônia! As muralhas colossais dela erguiam-se altaneiras à beira dos fossos fundos, cheios de água do grande rio Eufrates que atravessava a cidade. Nenhum inimigo conseguira tomar Babilônia de assalto em mais de cem anos. Então, por que se preocupar? Belsazar talvez pensasse que o barulho da sua festança mostraria aos inimigos lá fora a sua confiança e os desanimaria.

5, 6. O que fez Belsazar sob a influência de vinho, e por que era isso um grave insulto a Jeová?

5 No entanto, o excesso de bebida não demorou a afetar Belsazar. Conforme diz Provérbios 20:1, “o vinho é zombador”. Nesse caso, o vinho realmente induziu o rei a cometer uma tolice da pior espécie. Ele mandou que se trouxessem à festa os vasos sagrados do templo de Jeová. Esses vasos, tomados por Nabucodonosor como despojo durante a conquista de Jerusalém, só deveriam ser usados na adoração pura. Até mesmo os sacerdotes judeus, que tinham sido autorizados a usá-los no templo de Jerusalém, em tempos passados tinham sido advertidos para se manterem puros. — Daniel 5:2; note Isaías 52:11.

6 No entanto, Belsazar pensava num ato ainda mais insolente. “O rei e seus grandes, suas concubinas e suas esposas secundárias . . . beberam vinho e louvaram os deuses de ouro e de prata, cobre, ferro, madeira e pedra.” (Daniel 5:3, 4) Portanto, Belsazar pretendia enaltecer seus deuses falsos acima de Jeová! Essa atitude, pelo que parece, era típica entre os babilônios. Desprezavam os judeus que eles mantinham cativos, zombavam da adoração deles e não lhes davam nenhuma esperança de voltar para a sua pátria amada. (Salmo 137:1-3; Isaías 14:16, 17) Esse monarca embriagado talvez achasse que humilhar esses exilados e insultar o Deus deles impressionaria suas mulheres e seus oficiais, dando-lhe a aparência de ser forte. * Mas, se Belsazar se sentiu empolgado com o poder, isso não durou muito tempo.

A ESCRITA NA PAREDE

7, 8. Como foi interrompida a festa de Belsazar, e que efeito teve isso sobre o rei?

7 “Naquele momento”, diz o relato inspirado, “apareceram dedos de mão de homem e escreveram defronte do candelabro sobre o reboco da parede do palácio do rei, e o rei via as costas da mão que escrevia”. (Daniel 5:5) Que vista espantosa! Uma mão aparecendo do nada, flutuando no ar, perto duma parte bem iluminada da parede. Imagine o silêncio que caiu sobre a festa quando os convidados se voltaram para ver isso. A mão começou a escrever uma mensagem enigmática no reboco. * Tão sinistro, tão inesquecível foi esse fenômeno, que até o dia de hoje há quem use a expressão “a escrita na parede” para sugerir o aviso de uma catástrofe iminente.

8 Que efeito teve isso sobre o orgulhoso rei, que tentara enaltecer a si mesmo e a seus deuses acima de Jeová? “Nisso, no que se refere ao rei, ele mudou de cor e seus próprios pensamentos começaram a amedrontá-lo, e as juntas dos seus quadris se afrouxavam e os próprios joelhos dele batiam um no outro.” (Daniel 5:6) Belsazar pretendia parecer grandioso e majestoso aos seus súditos. Em vez disso, tornou-se um retrato vivo de humilhante terror — com o rosto pálido, os quadris cambaleantes, todo o corpo tremendo com tanta força que os joelhos batiam. As palavras de Davi, dirigidas a Jeová num cântico, deveras eram verazes: “Os teus olhos são contra os altaneiros, para os rebaixares.” — 2 Samuel 22:1, 28; note Provérbios 18:12.

9. (a) Por que não era o terror de Belsazar um temor piedoso? (b) Que oferta fez o rei aos sábios de Babilônia?

9 Deve-se notar que o temor de Belsazar não era um temor piedoso, uma profunda reverência a Jeová, que é o início de toda sabedoria. (Provérbios 9:10) Não, era um terror mórbido, e não resultou em nada parecido com sabedoria para o monarca trêmulo. * Em vez de pedir perdão ao Deus que ele acabava de insultar, clamou em alta voz que chamassem “os conjuradores, os caldeus e os astrólogos”. Ele até mesmo declarou: “Qualquer homem que ler esta escrita e que me mostrar a própria interpretação dela será vestido de púrpura, com um colar de ouro em volta do pescoço, e ele dominará como o terceiro no reino.” (Daniel 5:7) O terceiro governante no reino seria deveras poderoso, precedido apenas pelos dois reis reinantes, Nabonido e o próprio Belsazar. Esse posto normalmente ficaria reservado para o filho mais velho de Belsazar. Isso mostra como o rei ficou desesperado para que se lhe explicasse a mensagem milagrosa!

10. Como se saíram os sábios no seu esforço de interpretar a escrita na parede?

10 Os sábios iam entrando no grande salão. Não havia falta deles, porque Babilônia era uma cidade impregnada de religião falsa e cheia de templos. Certamente, havia muitos homens que afirmavam saber interpretar agouros e decifrar uma escrita enigmática. Esses sábios devem ter ficado emocionados com a oportunidade que se lhes dava. Essa era a sua chance de praticar sua arte perante uma assistência de dignitários, granjear o favor do rei e assumir uma posição de grande poder. Mas que fracasso foram! “Não eram suficientemente competentes para ler a própria escrita ou para fazer saber ao rei a interpretação.” * — Daniel 5:8.

11. Por que talvez fossem os sábios de Babilônia incapazes de ler a escrita?

11 Não se tem certeza se os sábios babilônios achavam a própria escrita — as letras — indecifrável. Se fosse assim, esses homens inescrupulosos teriam tido a oportunidade de inventar uma interpretação falaz, talvez até mesmo uma que lisonjeasse o rei. Outra possibilidade é que as letras eram bastante legíveis. No entanto, visto que línguas tais como o aramaico e o hebraico eram escritas sem vogais, cada palavra podia ter tido diversos sentidos. Nesse caso, os sábios provavelmente não conseguiriam decidir que palavras eram. Mesmo que conseguissem, ainda assim não teriam sido capazes de compreender o sentido das palavras para interpretá-las. De qualquer modo, uma coisa é certa: os sábios de Babilônia fracassaram — desastrosamente!

12. O que provou o fracasso dos sábios?

12 De modo que os sábios foram expostos como charlatães, e sua reverenciada ordem religiosa como fraude. Como decepcionaram! Quando Belsazar notou que sua confiança nesses religiosos havia sido em vão, ele ficou ainda mais amedrontado, sua face ficou mais pálida, e até mesmo seus grandes estavam “perplexos”. * — Daniel 5:9.

UM HOMEM PERSPICAZ É CONVOCADO

13. (a) Por que sugeriu a rainha que se chamasse Daniel? (b) Que espécie de vida levava Daniel?

13 Nesse momento crítico, a própria rainha — evidentemente a rainha-mãe — entrou no salão do banquete. Ela soube da comoção na festa e conhecia alguém que podia decifrar a escrita na parede. Décadas antes, seu pai, Nabucodonosor, havia designado Daniel sobre todos os seus sábios. A rainha lembrou-se dele como homem de “espírito extraordinário, e conhecimento, e perspicácia”. Visto que parece que Daniel não era conhecido por Belsazar, é provável que o profeta perdera seu alto cargo governamental após a morte de Nabucodonosor. Mas Daniel não dava muita importância a destaque. A essa altura, ele provavelmente tinha 90 e poucos anos, e ainda servia fielmente a Jeová. Apesar de umas oito décadas de exílio em Babilônia, ele ainda era conhecido pelo seu nome hebraico. Até mesmo a rainha o chamou de Daniel, não usando o nome babilônico que lhe fora dado. Deveras, ela instou com o rei: “Chame-se o próprio Daniel para que mostre a própria interpretação.” — Daniel 1:7; 5:10-12.

14. Em que situação difícil estava Daniel quando viu a escrita na parede?

14 Daniel foi chamado e entrou perante Belsazar. Era embaraçoso pedir um favor a esse judeu, cujo Deus o rei acabara de insultar. Ainda assim, Belsazar procurou lisonjear a Daniel, oferecendo-lhe a mesma recompensa — o terceiro lugar no reino — se conseguisse ler e explicar as palavras misteriosas. (Daniel 5:13-16) Daniel olhou para a escrita na parede, e o espírito santo o habilitou a discernir seu significado. Era uma mensagem de condenação da parte de Jeová Deus! Como é que Daniel podia proferir uma sentença dura contra esse rei vaidoso bem na frente dele — e isso diante das esposas e dos grandes dele? Imagine a situação difícil de Daniel! Deixou-se ele influenciar pelas palavras lisonjeiras do rei e por este lhe oferecer riquezas e destaque? Abrandaria o profeta o pronunciamento de Jeová?

15, 16. Que lição vital da história deixara de aprender Belsazar, e com que frequência vemos uma falha similar hoje em dia?

15 Daniel falou com coragem, dizendo: “Venham a ser as tuas dádivas para ti mesmo e dá os teus presentes a outros. No entanto, eu lerei a própria escrita ao rei e lhe farei saber a interpretação.” (Daniel 5:17) A seguir, Daniel reconheceu a grandeza de Nabucodonosor, um rei tão poderoso que foi capaz de matar, golpear, enaltecer ou humilhar a quem quisesse. No entanto, Daniel lembrou a Belsazar que foi Jeová, o “Deus Altíssimo”, quem fez Nabucodonosor grande. Fora Jeová quem havia humilhado aquele rei poderoso quando se tornou orgulhoso. Deveras, Nabucodonosor foi obrigado a saber que “o Altíssimo é Governante no reino da humanidade e que estabelece sobre ele a quem quiser”. — Daniel 5:18-21.

16 Belsazar ‘sabia de tudo isso’. No entanto, deixara de aprender algo da história. Na realidade, ele havia ido muito além do pecado de Nabucodonosor de ter orgulho descabido, e cometera um ato de flagrante insolência contra Jeová. Daniel expôs o pecado do rei. Além disso, na frente de todos aqueles pagãos reunidos, ele disse francamente a Belsazar que os deuses falsos “nada veem, nem ouvem, nem sabem”. O corajoso profeta de Deus acrescentou que, em contraste com esses deuses inúteis, Jeová é o Deus “em cuja mão está o teu fôlego”. Até o dia de hoje, as pessoas fazem deuses de coisas sem vida, idolatrando o dinheiro, a carreira, o prestígio e até mesmo o prazer. Mas nada disso pode dar vida. Jeová é o único a quem todos nós devemos nossa própria existência, de quem dependemos para cada fôlego que tomamos. — Daniel 5:22, 23; Atos 17:24, 25.

UM ENIGMA SOLUCIONADO

17, 18. Quais eram as quatro palavras escritas na parede e qual é seu significado literal?

17 O idoso profeta passou então a fazer o que foi impossível para todos os sábios de Babilônia. Ele leu e interpretou a escrita na parede. As palavras eram: “MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM.” (Daniel 5:24, 25) O que significam elas?

18 Literalmente, as palavras significam “uma mina, uma mina, um siclo e meios siclos”. Cada palavra era uma medida de peso monetário, alistada em ordem de valor decrescente. Que enigma! Mesmo que os sábios babilônios conseguissem ler as letras, ainda assim não é de admirar que não pudessem interpretá-las.

19. Qual era a interpretação da palavra “MENE”?

19 Daniel explicou, sob a influência do espírito santo de Deus: “Esta é a interpretação da palavra: MENE: Deus contou os dias do teu reino e acabou com ele.” (Daniel 5:26) As consoantes da primeira palavra admitem tanto a palavra “mina”, como uma forma da palavra aramaica para “contado” ou “numerado”, dependendo das vogais usadas pelo leitor. Daniel sabia bem que o exílio dos judeus estava chegando ao fim. Já se haviam passado 68 dos preditos 70 anos de sua duração. (Jeremias 29:10) O Grande Cronometrista, Jeová, havia contado os dias do reinado de Babilônia como potência mundial, e o fim estava mais perto do que qualquer um no banquete de Belsazar imaginava. Na realidade, o tempo já se esgotara — não só para Belsazar, mas também para seu pai, Nabonido. Esse talvez fosse o motivo de se escrever duas vezes a palavra “MENE” — para anunciar o fim de ambos esses reinados.

20. Qual era a explicação da palavra “TEQUEL”, e como se aplicava a Belsazar?

20 “TEQUEL”, por outro lado, foi escrita apenas uma vez, e no singular. Isso pode indicar que se dirigia primariamente a Belsazar. E isso seria apropriado, porque ele mesmo mostrara crasso desrespeito por Jeová. A própria palavra significa “siclo”, mas as consoantes também permitem a palavra “pesado”. De modo que Daniel disse a Belsazar: “TEQUEL: foste pesado na balança e achado deficiente.” (Daniel 5:27) Para Jeová, nações inteiras são tão insignificantes como a camada fina de pó na balança. (Isaías 40:15) São incapazes de frustrar os propósitos dele. Então, de que importância seria um só rei arrogante? Belsazar tentara enaltecer-se acima do Soberano do Universo. Esse mero humano se atrevera a insultar a Jeová e a zombar da adoração pura, mas fora “achado deficiente”. Deveras, Belsazar merecia plenamente o julgamento que se aproximava rapidamente!

21. Como era “PARSIM” um jogo de palavras de sentido triplo e o que indicava essa palavra quanto ao futuro de Babilônia como potência mundial?

21 A última palavra na parede foi “PARSIM”. Daniel a leu na forma singular, “PERES”, provavelmente porque se dirigia a um só rei, enquanto que o outro estava ausente. Essa palavra culminou o grande enigma de Jeová com um jogo de palavras de sentido triplo. “Parsim” significa literalmente “meios siclos”. Mas as letras também permitem dois outros significados: “divisões” e “persas”. Daniel predisse assim: “PERES: teu reino foi dividido e dado aos medos e aos persas.” — Daniel 5:28.

22. Como reagiu Belsazar à solução do enigma e que esperança talvez tivesse?

22 Assim se solucionou o enigma. A poderosa Babilônia estava prestes a cair diante das forças medo-persas. Embora abatido em vista da declaração de ruína, Belsazar cumpriu sua palavra. Mandou que seus servos vestissem Daniel de púrpura, dessem-lhe um colar de ouro, e proclamassem-no o terceiro governante no reino. (Daniel 5:29) Daniel não recusou essas honras, reconhecendo que refletiam a honra devida a Jeová. Naturalmente, é possível que Belsazar esperasse abrandar o julgamento de Jeová por honrar o profeta Dele. Nesse caso, isso foi demasiado pouco e demasiado tarde.

A QUEDA DE BABILÔNIA

23. Que profecia antiga se cumpria mesmo enquanto a festa de Belsazar ainda estava em andamento?

23 Mesmo enquanto Belsazar e seus cortesãos ainda brindavam seus deuses e zombavam de Jeová, desenrolava-se um grande drama na escuridão fora do palácio. Cumpria-se uma profecia declarada por meio de Isaías quase dois séculos antes. Jeová predissera a respeito de Babilônia: “Fiz cessar todos os suspiros devidos a ela.” Deveras, toda a opressão da cidade iníqua infligida ao povo escolhido de Deus estava para acabar. De que modo? O mesmo profeta disse: “Sobe, ó Elão! Sitia, ó Média!” Elão tornara-se parte da Pérsia depois dos dias do profeta Isaías. Na época da festa de Belsazar, que também fora predita na mesma profecia por Isaías, a Pérsia e a Média haviam mesmo juntado as forças para ‘subir’ e ‘sitiar’ Babilônia. — Isaías 21:1, 2, 5, 6.

24. Que pormenores a respeito da queda de Babilônia predissera a profecia de Isaías?

24 Deveras, o próprio nome do líder dessas forças fora predito, assim como os pontos principais da estratégia de batalha. Com uns 200 anos de antecedência, Isaías havia profetizado que Jeová ungiria alguém chamado Ciro para ir contra Babilônia. No decorrer do ataque deste, todos os obstáculos seriam eliminados diante dele. As águas de Babilônia ‘secariam’ e os fortes portões dela seriam deixados abertos. (Isaías 44:27–45:3) E assim aconteceu. Os exércitos de Ciro desviaram o rio Eufrates, baixando o nível da água, para que pudessem passar pelo leito do rio. Os portões na muralha de Babilônia haviam sido deixados abertos por guardas descuidados. Conforme concordam historiadores seculares, a cidade foi invadida enquanto seus habitantes festejavam. Babilônia foi tomada quase sem oposição. (Jeremias 51:30) No entanto, houve pelo menos uma morte notável. Daniel relatou: “Naquela mesma noite foi morto Belsazar, o rei caldeu, e o próprio Dario, o medo, recebeu o reino ao ter cerca de sessenta e dois anos de idade.” — Daniel 5:30, 31.

O QUE SE APRENDE DA ESCRITA NA PAREDE

25. (a) Por que é a antiga Babilônia um símbolo apropriado do atual sistema global da religião falsa? (b) Em que sentido foram os servos de Deus mantidos cativos em Babilônia nos tempos modernos?

25 O relato inspirado de Daniel, capítulo 5, está cheio de significado para nós. A antiga Babilônia, como centro de práticas da religião falsa, é um símbolo apropriado do império mundial da religião falsa. Retratado em Revelação (ou Apocalipse) como sanguinária meretriz, esse conglomerado global de engano é chamado de “Babilônia, a Grande”. (Revelação 17:5) Indiferente a todos os avisos sobre as suas doutrinas falsas e práticas que desonram a Deus, ela tem perseguido os que pregam a verdade da Palavra de Deus. Assim como os habitantes da antiga Jerusalém e de Judá, o fiel restante de cristãos ungidos encontrava-se, para todos os efeitos, exilado em “Babilônia, a Grande”, quando a perseguição inspirada pelo clero praticamente acabou com a obra da pregação do Reino em 1918.

26. (a) Como caiu “Babilônia, a Grande”, em 1919? (b) Que aviso devemos acatar e transmitir a outros?

26 De repente, porém, “Babilônia, a Grande”, caiu! Ora, a queda foi praticamente silenciosa — assim como a antiga Babilônia caiu quase silenciosamente, em 539 AEC. Essa queda figurativa, não obstante, foi devastadora. Ocorreu em 1919 EC, quando o povo de Jeová foi libertado do cativeiro babilônico e foi abençoado com a aprovação divina. Isso acabou com o poder de “Babilônia, a Grande”, sobre o povo de Deus e marcou o começo da exposição dela em público como fraude indigna de confiança. Essa queda mostrou ser irreversível, e a destruição final dela é iminente. Os servos de Jeová têm assim repetido o aviso: “Saí dela, povo meu, se não quiserdes compartilhar com ela nos seus pecados.” (Revelação 18:4) Acatou você esse aviso? Participa em avisar outros? *

27, 28. (a) Que verdade vital Daniel nunca perdeu de vista? (b) Que evidência temos de que Jeová agirá em breve contra o mundo iníquo da atualidade?

27 De modo que hoje ‘a escrita está na parede’ — mas não só para “Babilônia, a Grande”. Lembre-se de uma verdade central, vital, do livro de Daniel: Jeová é o Soberano Universal. Ele, e somente ele, tem o direito de estabelecer um governante sobre a humanidade. (Daniel 4:17, 25; 5:21) Tudo o que se opuser aos propósitos de Jeová será eliminado. É só uma questão de tempo para Jeová agir. (Habacuque 2:3) Para Daniel, esse tempo chegou por fim na décima década da sua vida. Ele viu então Jeová remover uma potência mundial — aquela que havia oprimido o povo de Deus desde a infância de Daniel.

28 Há prova inegável de que Jeová Deus colocou num trono celestial um Governante da humanidade. Que o mundo não tem feito caso desse Rei e se tem oposto à regência dele é evidência certa de que Jeová em breve eliminará todos os que se opõem ao governo do Reino. (Salmo 2:1-11; 2 Pedro 3:3-7) Age você segundo a urgência dos nossos tempos e deposita a sua confiança no Reino de Deus? Nesse caso, realmente aprendeu algo da escrita na parede!

[Nota(s) de rodapé]

^ parágrafo 6 Numa inscrição antiga, o Rei Ciro disse a respeito de Belsazar: “Um fracalhão foi empossado como [governante] do seu país.”

^ parágrafo 7 Até mesmo esse pormenor específico do relato de Daniel mostrou ser exato. Os arqueólogos descobriram que as paredes palaciais na antiga Babilônia eram feitas de tijolos revestidos de reboco.

^ parágrafo 9 As superstições babilônicas provavelmente tornavam esse milagre ainda mais aterrorizante. O livro Babylonian Life and History (A Vida e a História de Babilônia) observa: “Além dos numerosos deuses que os babilônios adoravam, verificamos que eles eram muito dados à crença em espíritos, e isso a tal ponto que as orações e os encantamentos contra esses constituem uma parte muito grande da sua literatura religiosa.”

^ parágrafo 10 O periódico Biblical Archaeology Review observa: “Os peritos babilônios catalogaram milhares de sinais agourentos. . . . Quando Belsazar queria saber o que a escrita na parede significava, os sábios de Babilônia, sem dúvida, recorreram a essas enciclopédias de augúrios. Mas elas se mostraram inúteis.”

^ parágrafo 12 Lexicógrafos observaram que a palavra usada aqui para “perplexos” dá a entender grande comoção, como se os reunidos ficassem em grande confusão.

O QUE DISCERNIU?

• Como foi a festa de Belsazar interrompida na noite de 5/6 de outubro de 539 AEC?

• Qual era a interpretação da escrita na parede?

• Que profecia sobre a queda de Babilônia se cumpria enquanto a festa de Belsazar estava em andamento?

• Que significado para os nossos dias tem o relato sobre a escrita na parede?

[Perguntas de Estudo]

[Foto de página inteira na página 98]

[Foto de página inteira na página 103]